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Jogadores rodados e até onde eles fazem bem aos clubes

Fim de temporada chega a ser insuportável acompanhar o noticiário esportivo. Seja pela TV, rádio, jornal ou internet, os plantonistas de fim de ano — sem muita pauta — revezam suas coberturas entre a retrospectiva do ano e o mercado de transferências. Não que isso por si só seja ruim. A expectativa por qual grande craque irá reforçar nosso time (ou mesmo aquele que vai deixar de vestir nossa camisa) mexe com o torcedor. O problema é quando falta notícia mesmo. As negociações plantadas, as falsas concorrências entre clubes e a exaltação de jogadores que nunca ouvimos falar, jogando no fim do mundo que pode pintar como novidade, são extremamente irritantes.

De tão chatos, os casos são apelidados de "novelas". Declarações daqui, provocações de lá, imagens de arquivo sendo reprisadas inúmeras vezes, fazem com quê o torcedor acredite que aquela peça será fundamental para conquistas de título na temporada que se segue. São quase dois meses disso (como, no passado, a "novela Dudu", que, no final das contas, fechou com o Palmeiras. Torcedores dos times envolvidos - de tanto ouvir falar no jogador como nunca - já desistiam da chegada do mesmo antes mesmo do fim das negociações).

O pior de tudo isso ainda é quando "estrelas consagradas" (ou que tentam nos convencer que são) ficam disponíveis no mercado. Jogadores que fizeram UMA TEMPORADA boa, ou foram finalistas de um campeonato estadual com equipe do interior que ninguém lembra, já são motivos de alvoroço nas redações jornalísticas e entre os torcedores. Seja jogadores ou treinadores supervalorizados pela mídia enchem os noticiários com informações sem fundamento e especulações. Estes mesmos que, na Europa, são apenas mais um, sendo esquecidos e chutados de volta ao Brasil.



E os jogadores rodados? Não que seja necessário seguir os passos de Rogério Ceni e Marcos em seus respectivos clubes, mas há aqueles nomes que, de três em três anos, mudam de clube. Não criam identidade com ninguém, e acaba sendo esquecidos pelos próprios torcedores. A pergunta é: até onde isso vale à pena? Isso não é bom para os clubes, que acabam desgastando sua imagem e investindo dinheiro em alguém que com certeza não trará resultados.

Durante as festas de carnaval, a mídia ficou em cima da novela Robinho. O eterno "Rei das Pedaladas" queria voltar ao Brasil e, mesmo afirmando que só jogaria por uma equipe no nosso país, não fechou acordo com o Santos e vai jogar com a camisa do Atlético-MG, que busca o bicampeonato continental. Por parte dos mineiros, a chegada do atacante vai ter o apoio da empresa que patrocina o material esportivo do clube. E é muito dinheiro. Não cabe a nós chamar ninguém de mercenário. Robinho talvez não seja isso e tem seus motivos para recusar a proposta do clube no qual conquistou os principais títulos da sua carreira. Mas por quê os clubes ainda discutem tanto (e gastam bastante) para ter no elenco um jogador que foi reserva na China (!!!)? Trazer Robinho não é (e nunca foi) certeza de conquista de Libertadores. O Santos pode agradecer de ter um time já meio entrosado e com os pés no chão (o clube adotou um teto salarial e pretende seguir com essa nova linha de conduta).

Além de tudo isso, o Brasil repete uma máxima dos últimos anos: é o lugar para reabilitação de jogadores. Tudo bem que em alguns casos isso foi bastante positivo (como Ronaldinho com o mesmo Atlético, deu a sorte de cair em um grande time e conquistou a Libertadores). Por outro lado, não dá para apostar direto. Ou o nosso futebol investe em nós mesmos, valorizando os nomes daqui e dando a importância a quem merece, ou os jogadores vão continuar esnobando a paixão do torcedor e ter a certeza que, por um jogo, um campeonato, um ano, vão ter lugar garantido em qualquer equipe por aqui.

Temos que parar com a cultura de supervalorizar um jogador/técnico por um campeonato, um jogo ou uma temporada. O futebol é maior que isso. Pra quê pagar tanto por jogadores deixados de lado na Europa, por exemplo, só por um passado feliz? É importante dar uma segunda chance e tudo mais, mas com bom senso. O Corinthians, por exemplo, com André; o São Paulo com Wesley, são alguns dos muitos exemplos de tudo isso.

De treinadores também. No Brasil, caí mais técnicos do que políticos corruptos. Quando um clube grande perde seu comandante, os MESMOS nomes são cogitados. Precisamos crescer. Amadurecer. Se continuar assim, a repetição corriqueira dos fatos vai se perpetuar cada vez mais. E isso é ruim para os clubes e para o nosso futebol. Aprendam, dirigentes: gestão eficiente é importante para bons resultados e, consequentemente, conquistas.

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